Com boa saúde
noticias sobre a COVID-19 desde Consumer Health Digest
(desde o boletim informativo de Consumer Health Digest. Tradução: Andrea Gaddini)

Lançaram uma página cética de recursos sobre a COVID-19 (Consumer Health Digest #20-12 - 29 março 2020)
O Center for Inquiry (CFI) lançou seu Coronavirus Resource Center para combater a desinformação sobre a COVID-19. As informações incluem ligações para: (a) publicações recentes do CFI relevantes, (b) outros artigos que expõem alegações falsas e enganosas e (c) recomendar fontes de informações ao consumidor. Já que o professor William M. London está organizando os conteúdos sobre coronavírus para o centro de recursos, a Consumer Health Digest se concentrará em outras questões.

Pacientes com lúpus e artrite enfrentam escassez de medicamentos promocionados para a COVID-19 (Consumer Health Digest #20-11 - 22 março 2020)
Pacientes com lúpus e artrite estão lutando para obter todas suas prescrições de cloroquina (Aralen) ou a hidroxicloroquina, variante mais segura e amplamente usada (Plaquenil) devido à crescente demanda de medicamentos para o tratamento de pacientes com doença por coronavírus [Zoellner D. Coronavirus: Lupus sufferers facing drug shortage after spike in prescriptions for potential Covid-19 treatments. Independent. March 21, 2020]. O uso desses medicamentos no tratamento da doença por coronavírus é baseado em evidências clínicas favoráveis, mas apenas preliminares [Irfan U. What you need to know about hydroxychloroquine, Trump's new favorite treatment for Covid-19. Vox. March 20, 2020]. De acordo com a Sociedade Americana de Farmacêuticos do Sistema de Saúde (American Society of Health-System Pharmacists): (a) la cloroquina, fabricada por só um fabricante nos Estados Unidos, está em falta desde 9 de março e (b) quatro dos oito fornecedores americanos de hidroxicloroquina também tem escassez [Dunn A. Elon Musk and Trump are touting a 1940s malaria pill as a potential coronavirus treatment. But supplies are already running short as prescriptions spike. Business Insider. March 20, 2020]. A Lupus Association of America, a Arthritis Foundation e 94 outras organizações nacionais de pacientes enviaram uma carta aos líderes do Congresso pedindo uma resposta à pandemia da COVID-19 que inclui garantir que pessoas com lúpus e artrite reumatóide mantenham acesso à hidroxicloroquina.

A quem denunciar os produtos fraudulentos para a COVID-19 (Consumer Health Digest #20-13 - 5 abril 2020)
Para lidar com o aumento de produtos que falsamente alegam prevenir ou curar o coronavírus, a FDA criou uma caixa de correio eletrônico especial: fda-covid-19-fraudulent-products@fda.hhs.gov.

O promotor da panaceia alvejante escreveu a Trump antes de sua gafe (Consumer Health Digest #20-16 - 24 abril 2020)
Mark Grennon, o auto-denominado "arcebispo" da Genesis II Church of Health and Healing (Igreja de Saúde e Cura Gênesis II), o maior produtor e distribuidor de alvejante com dióxido de cloro como "cura milagrosa", nunciou que escreveu ao presidente Trump na semana passada para aconselhá-lo que o produto alvejante "Miracle Mineral Solution" (MMS) é "um maravilhoso desintoxicante que pode matar 99% dos patógenos no corpo" e "pode livrar o corpo da Covid-19". Poucos dias depois, Trump sugeriu numa entrevista coletiva a possibilidade de usar desinfetante como cura para a COVID-19. Grennon também disse que trinta de seus partidários também escreveram para Trump. O Guardian entrou em contato com a Casa Branca para perguntar se a carta de Grennon havia influenciado os comentários de Trump, mas ainda não tem recebido uma resposta [Pilkington E. Revealed: leader of group peddling bleach as a coronavirus 'cure' wrote to Trump this week. The Guardian. April 24, 2020]. Entretanto, os principais fabricantes de produtos de limpeza responderam ao conselho de Trump alertando as pessoas a não beber ou tentar se injetar desinfetantes [Bienkov A. Bleach manufacturers have warned people not to inject themselves with disinfectant after Trump falsely suggested it might cure the coronavirus. Business Insider. April 25, 2020]. Entretanto, um tribunal federal ordenou que a "Igreja" e quatro indivíduos parassem de distribuir o MMS como tratamento para a COVID-19 [Coronavirus (COVID-19) update: federal judge enters temporary injunction against Genesis II Church of Health and Healing, preventing sale of chlorine dioxide products equivalent to industrial bleach to treat COVID-19. FDA news release. April 17, 2020].

Encontrou-se um pico na pesquisa no Google de medicamentos para a COVID-19 não comprovados (Consumer Health Digest #20-17 - 3 maio 2020)
Uns pesquisadores descobriram grandes aumentos nas pesquisas no Google envolvendo os termos compra, busca, Amazon, eBay ou Walmart (estas últimas três são as principais empresas de comércio eletrônico) combinadas com cloroquina ou hidroxicloroquina, provavelmente devido à sua promoção como terapias para a COVID-19 por Donald Trump e Elon Musk. [Liu M. and others. Internet searches for unproven COVID-19 therapies in the United States. JAMA Internal Medicine. April 29, 2020]. Os pesquisadores argumentam que: em tempos de crise de saúde pública, terapias não apoiadas por evidências adequadas - como as que levariam à aprovação da Food and Drug Administration dos Estados Unidos - não deveriam ser promovidas por figuras públicas. Este apoio pode levar ao uso não supervisionado dos produtos, com conseqüências perigosas para as pessoas que os tomam, e a amontoação desses medicamentos pode resultar em escassez para aqueles que os precisam por razões legítimas de saúde.

Realçou-se a charlatanaria histórica e moderna (Consumer Health Digest #20-17 - 3 maio 2020)
A Dra. Lydia Kang, autora de "Quackery: A Brief History of the Worst Ways to Cure Everything" ("Charlatanaria: breve história das piores maneiras de curar tudo"), e o Dr. Stephen Barrett foram apresentados num segmento de 7 minutos da CBS Sunday Morning que comparou a charlatanaria do século XIX com as odiosas charlatanarias sobre a COVID-19 [Tales from the annals of medical quackery. CBS Sunday Morning. April 26, 2020].

Forneceram orientação para contra-argumentar as afirmações conspiratórias (Consumer Health Digest #20-19 - 17 maio 2020)
Quatro estudiosos das teorias da conspiração identificaram sete características do pensamento conspiratório e explicaram como elas são exibidas no vídeo enganador sobre a COVID-19 "Plandemia", que já foi visto milhões de vezes no YouTube [Cook J and others. Coronavirus, 'Plandemic' and the seven traits of conspiratorial thinking. The Conversation. May 15, 2020]. As características são:
- crenças contraditórias
- suspeita predominante
- é assumida a intenção nefasta dos conspiradores
- convicção de que algo está errado, e que a versão oficial se baseia no engano
- pensar em si mesmos como vítimas perseguidas
- imunidade à evidência
- reinterpretação da aleatoriedade como modelos causados pela conspiração.
Os estudiosos concluíram: "Compreender e revelar as técnicas dos teóricos da conspiração é essencial para inocular você e os outros contra serem enganados, especialmente quando somos mais vulneráveis: em tempos de crises e incertezas".

Publicados os resumos do charlatanismo sobre a COVID-19 (Consumer Health Digest #20-21 - 31 maio 2020)
Os produtos e serviços promocionados para o tratamento ou a prevenção da COVID-19 são discutidos em:
Dubious COVID-19 treatments and preventives. Center for Inquiry (publicado pela primeira vez em 27 de maio de 2020 com atualizações fornecidas pelo professorWilliam M. London).
Gavura S. An incomplete list of COVID-19 quackery. Science-Based Medicine. May 28, 2020
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Crenças conspiratórias sobre a COVID-19 associadas ao uso das mídias sociais (Consumer Health Digest #20-24 - 21 junho 2020)
Uns pesquisadores relataram os resultados de três pesquisas on-line sobre os comportamentos de proteção contra a COVID-19, o uso das mídias sociais como fonte de informações sobre a COVID-19 e as crenças conspiratórias sobre a COVID-19. As crenças conspiratórias incluem alegações de que a crise de saúde pública da COVID-19 foi causada por um vírus artificialmente produzido e que os riscos envolvidos foram muito exagerados. Os participantes da pesquisa foram residentes no Reino Unido com 18 anos ou mais que manifestaram interesse em pesquisas sobre a COVID-19 [Allington D. Health-protective behaviour, social media usage and conspiracy belief during the COVID-19 public health emergency. Psychological Medicine. June 9, 2020].
As conclusões da pesquisa incluíram:
- A crença conspiratória mais comum é aquela da origem de laboratório do coronavirus.
- Seguir uma ou mais crenças conspiratórias está associada à preferência pelas mídias sociais em detrimento das mídias tradicionais como fonte geral de informações e ao uso das mídias sociais para conhecimento sobre a COVID-19.
- O YouTube tem a associação mais forte com as crenças conspiratórias, seguido pelo Facebook.
- Seguir uma ou mais crenças conspiratórias está fortemente associada a não seguir todos os comportamentos de proteção da saúde.
- Seguir a crença de que "o coronavírus provavelmente foi produzido em laboratório" é associado com a pesquisa frequente nos mídias sociais em busca de notícias sobre a COVID-19.
Os pesquisadores concluíram:
No Reino Unido, a mídia de transmissão está sujeita a regulamentação oficial, e muitas plataformas de mídia impressa estão sujeitas a regulamentação voluntária, mas a mídia social em grande parte não é regulamentada. É de se perguntar por quanto tempo esse estado de coisas pode persistir enquanto as plataformas de mídia social continuam a fornecer um mecanismo de distribuição mundial para desinformação médica.

Distribuidores da Herbalife acusados de fazer alegações falsas sobre a COVID-19 (Consumer Health Digest #20-26 - 5 julho 2020)
Uma investigação da TruthInAdvertising.org catalogou mais de 30 casos em que a Herbalife, através de seus distribuidores, alegou indevidamente que vários produtos da empresa podem tratar e/ou prevenir o coronavírus, estimulando o sistema imunológico. A organização de defesa do consumidor apresentou uma queixa junto à Federal Trade Commission (FTC) contra a Herbalife [TINA.org alerts FTC to Herbalife distributors' coronavirus claims. TINA.org. Apr 27, 2020]. Embora a FTC tenha enviado ddezenas de cartas de advertência para empresas que fazem alegações enganosas relacionadas ao coronavírus, a Herbalife ainda não está entre essas empresas.

Acusações criminais contra promotores dum alvejante como cura para a COVID-19 (Consumer Health Digest #20-27 - 12 julho 2020)
Mark Grenon de 62 anos, e seus filhos Jonathan Grenon, de 34, Jordan Grenon, de 26, e Joseph Grenon, de 32, que supostamente comercializaram a "Miracle Mineral Solution" (MMS) ("Solução Mineral Milagrosa"), um alvejante tóxico, como cura para a COVID-19, foram acusados de conspiração para fraudar os Estados Unidos, conspiração para violar a Federal Food, Drug and Cosmetic Act (Lei Federal de Alimentos, Medicamentos e Cosméticos) e desacato ao tribunal [Father and sons charged in Miami federal court with selling toxic bleach as fake "miracle" cure for covid-19 and violating court orders. US Attorney's Office Southern District of Florida news release. July 8, 2020].
De acordo com a declaração juramentada da queixa penal, os Grenons alegadamente:
- orientaram seus clientes a ingerir MMS, uma solução que contém clorito de sódio e água, que faz tornar a solução em dióxido de cloro, um poderoso alvejante
- alegaram que a MMS pode tratar, prevenir e curar a COVID-19
- comercializaram a MMS como uma cura milagrosa para dezenas de outras doenças e distúrbios graves, incluindo câncer, Alzheimer, autismo, esclerose múltipla e HIV / AIDS, mesmo que a FDA não tenha aprovado a MMS para qualquer uso
- venderam dezenas de milhares de garrafas de MMS em todo o país sob o disfarce da Genesis II Church of Health and Healing (Igreja de Saúde e Cura Gênesis II), uma entidade que eles supostamente criaram para evitar a regulamentação governamental de MMS
- violaram deliberadamente ordens judiciais civis de interromper a distribuição da MMS
- enviaram cartas ao juiz presidindo a queixa civil dizendo que eles não cumpririam as ordens da Corte e que o juiz deveria ser "removido".
O juiz ordenou que todos os sites que vendem MMS fossem imediatamente removidos da Internet e que todos os materiais envolvidos na criação do produto fossem confiscados e destruídos. Várias agências federais foram chamadas para o local da "igreja" em Bradenton, na Flórida, em conexão com os mandados de busca e a ordem federal. Os empregados das equipes encarregadas dos materiais perigosos teriam fornecido assistência aos mandados de busca [Federal agencies, hazmat crews respond to Florida church selling COVID-19 'miracle solution'. 23WIFR. July 8, 2020]. A Food and Drug Administration (FDA) energicamente instou os consumidores a não comprar ou usar MMS, explicando que beber MMS é o mesmo que beber alvejante e pode causar efeitos colaterais perigosos, incluindo vômitos graves, diarréia e pressão arterial baixa, com risco de vida. A FDA recebeu relatos de pessoas que necessitaram de hospitalização, desenvolveram enfermedades com risco de vida e morreram após beber MMS.

Revelaram falsas isenções do uso de máscara (Consumer Health Digest #20-28 - 19 julho 2020)
O uso de máscaras durante a pandemia de COVID-19 é uma medida essencial de saúde pública para reduzir a transmissão aérea do novo coronavírus, mas muitas pessoas a desencorajam. Os cartões de "isenção de máscara" estão circulando on-line e nas mídias sociais afirmando que o portador tem uma deficiência que impede o uso de uma máscara e que é ilegal que qualquer empresa peça que divulgue sua condição. Variações do cartão incluem o selo do Departamento de Justiça dos EUA (DOJ), uma das agências federais responsáveis pela aplicação da Lei dos Americanos com Deficiências (ADA). Esses cartões não são emitidos nem endossados pelo Departamento de Justiça, nem por qualquer outra agência governamental dos EUA. Os cartões mais amplamente oferecidos foram emitidos pela "Freedom to Breathe Agency" ("Agência de Liberdade para Respirar"), cujo site web também fornece informações erradas sobre máscaras [Barrett S. Mask exemption cards are not government supported. Quackwatch, July 18, 2020].

Explicaram o impacto prejudicial das teorias de conspiração sobre o coronavírus (Consumer Health Digest #20-29 - 26 julho 2020)
Em um vídeo de 22 minutos, o comediante John Oliver propôs com a ajuda de várias celebridades uma das mais divertidas explicações disponíveis sobre o impacto prejudicial das teorias conspiratórias na atual pandemia de coronavírus [Coronavirus: Conspiracy Theories. Last Week Tonight with John Oliver (HBO), July 19, 2020]. Oliver fala da importância de fazer três perguntas em resposta às teorias conspiratórias:
- Existe uma explicação não conspiratória racional?
- Foi esta explicação submetida a escrutínio por especialistas?
- Quão plausível é essa conspiração, na prática?
No YouTube estão disponíveis pelo menos oito outras emissões de Last Week Tonight sobre o novo coronavirus con vídeos de John Oliver.

Detenção e ordem de bloqueio da venda de MMS para os gerentes da Genesis II (Consumer Health Digest #20-32 - 16 agosto 2020)
Funcionários colombianos anunciaram a detenção de Mark Grenon e de seu filho Joseph Grenon, que estavam procurados nos Estados Unidos sob a acusação de venderem ilegalmente a "Solução Mineral Milagrosa" ("Miracle Mineral Solution" - MMS) que libera dióxido de cloro, como cura milagrosa para a COVID-19 e outras doenças sob a aparência da Genesis II Church of Health and Healing (Igreja de Saúde e Cura Gênesis II). A promotoria colombiana afirmou que os Grenons estavam despachando seus produtos da cidade litorânea de Santa Marta para clientes nos Estados Unidos, Colômbia e África [Associated Press. Floridians who promoted bleach cocktail as a COVID-19 cure arrested in Colombia. CBC, Aug 13, 2020]. Em julho Mark e seus filhos Jonathan, Jordan e Joseph, todos de Brandenton, Florida, foram acusados de conspiração para fraudar os Estados Unidos, conspiração para violar a Federal Food, Drug and Cosmetic Act (Lei Federal de Alimentos, Medicamentos e Cosméticos) e desacato ao tribunal [Father and sons charged in Miami federal court with selling toxic bleach as fake "miracle" cure for Covid-19 and violating court orders. U.S. Attorney's Office, news release, July 8, 2020]. No início deste mês, um Tribunal Distrital dos EUA na Flórida emitiu medidas liminares proibindo os Grenons e sua "igreja" de vender ou distribuir produtos não aprovados ou com indicaçoes incorretas como a Mineral Miracle Solution (MMS) [Coronavirus (COVID-19) Update: Daily Roundup. FDA news release, Aug 11, 2020]. Os principais sites dos perpetradores agora afirmam: "Devido à injunção permanente do Departamento de Justiça dos Estados Unidos contra a Igreja de Gênesis II, este site está fechado. — Bispo Mark S. Grenon".

Comissário da FDA detonado por covardia política (Consumer Health Digest #20-34 - 30 agosto 2020)
O médico dr. Eric Topol, diretor de Medscape, acusou o Comissário da FDA, o médico dr. Stephen Hahn, de ter feito declarações sobre a política relacionadas à COVID-19 com base nas pressões da administração Trump, em vez que em informações baseadas na ciência. Em uma carta aberta que detalhou o que Hahn fez de errado, Topol conclui:
Você tem uma última chance, Dr. Hahn, de salvar qualquer credibilidade e preservar a confiança no FDA neste momento crítico em meio à pandemia. Você precisa organizar uma coletiva de imprensa e dizer a verdade. Diga aos americanos exatamente como você foi pressionado a fazer anúncios disruptivos. Conte a todos nós como você deturpou completamente os fatos sobre o plasma dos convalescentes, e não esconda isso com a obscuridade de termos técnicos, como diferenças relativas e absolutas. Diga-nos que você é capaz e digno dessa posição crucial de liderança e que não irá, sob nenhuma condição, autorizar a aprovação duma vacina contra o SARS-CoV-2 antes da conclusão total da Fase 3 e da leitura dum programa.
Caso contrário, você tem que demitir-se. Não podemos confiar a saúde de 330 milhões de americanos a uma pessoa que é subserviente aos caprichos do presidente Trump, com à promoção sem precedentes de terapias não comprovadas, mentiras ultrajantes e motivações políticas. Você tem duas opções para fazer a coisa certa. Não podemos e não queremos parar até que você faça essa escolha [Topol E. Dear Commissioner Hahn: Tell the truth or resign. Medscape, Aug 31, 2020].

Ex-Comissários da FDA fustigam a administração Trump (Consumer Health Digest #20-39 - 4 outubro 2020)
Sete ex-comissários da Food and Drug Administration (FDA), incluindo Scott Gottlieb, o primeiro comissário da FDA no governo Trump, foram coautores de um artigo de opinião opondo-se a:
- uma declaração da Casa Branca de que "pode-se tentar influenciar os padrões científicos para a aprovação de vacinas apresentados pela FDA ou impedir à agência de emitir orientações por escrito sobre seus critérios para julgar a segurança e os benefícios duma potencial vacina contra a COVID-19";
- O secretário de Saúde e Serviços Humanos, Alex Azar, que em 15 de setembro  revogou o poder da FDA de estabelecer regras para a segurança de alimentos e medicamentos, e em vez reivindicou essa autoridade exclusiva para si mesmo;
- atos reconhecidos de influência política nas comunicações sobre o coronavírus da FDA;
- significativas declarações errôneas por parte do secretário e outros líderes políticos sobre os benefícios da hidroxicloroquina e do plasma dos convalescentes;
- a rejeição dos cientistas da FDA sobre a regulamentação dos testes de laboratório sobre a COVID-19.
Os ex-comissários expressaram preocupação de que a capacidade da FDA de tomar decisões independentes baseadas na ciência esteja em risco e que a confiança do público no FDA esteja diminuindo [7 former FDA commissioners: The Trump administration is undermining the credibility of the FDA. Washington Post, Sept 29, 2020].

Indiciaram os vendedores de alvejante “cura milagrosa” (Consumer Health Digest #21-16 - 25 abril 2021)
Mark Scott Grenon, 62, e seus três filhos, Jonathan David Grenon, 34, Jordan Paul Grenon, 26, e Joseph Timothy Grenon, 32, foram criminalmente acusados de comercializar e vender de forma fraudulenta a MMS “Miracle Mineral Solution” ("Solução Mineral Milagrosa") como uma cura para COVID-19, câncer, doença de Alzheimer, diabetes, autismo, malária, hepatite, doença de Parkinson, herpes, HIV / AIDS e outras condições médicas graves. Além disso eles foram acusados de desafiar ordens de tribunais federais. Cada um dos Grenon foi culpado duma acusação de associação para delinquir e duas acusações de desacato criminal. Se condenados, cada um deles pode pegar prisão perpétua [Florida family indicted for selling toxic bleach as fake “miracle” cure for COVID-19 and other serious diseases, and for violating court orders. U.S. Attorney’s Office Southern District of Florida news release, April 23, 2021].
A queixa criminal e o indiciamento acusam os Grenon de :
- ter fabricado, promovido e vendido MMS - uma solução química contendo clorito de sódio e água que, quando ingerida por via oral, torna-se dióxido de cloro, um alvejante poderoso usado para tratamento industrial de água ou branqueamento de tecidos, celulose e papel;
- ter fabricado MMS num galpão no quintal de Jonathan em Bradenton, Flórida;
- ter vendido dezenas de milhares de frascos de MMS em todo o país sob o disfarce da Genesis II Church of Health and Healing (Igreja de Saúde e Cura Gênesis II), uma entidade que eles são acusados de ter criado para evitar a regulamentação governamental do MMS e se protegerem de processos;
- ter recebido mais de um milhão de dólares com a venda de MMS;
- ter violado intencionalmente uma injunção dum tribunal federal que suspendia a distribuição de MMS pelos Grenon;
- ter intimidado o juiz federal que presidia o processo civil ameaçando que, caso o governo tentasse fazer cumprir as ordens judiciais que suspendiam a distribuição de MMS, eles “pegariam em armas” e instigariam “uma Waco”.
Quando foi executado um mandado de busca na casa de Jonathan Grenon no momento de sua prisão, os policiais apreenderam dezenas de tambores químicos contendo quase 5.000 kg de pó de clorito de sódio, milhares de garrafas de MMS e outros itens usados na fabricação e distribuição de MMS. O governo também recuperou várias armas carregadas, incluindo uma espingarda de bombeamento escondida em um estojo de violino feito sob medida para disfarçar sua aparência.
O MMS não foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para qualquer uso médico. Em 2019, a FDA exortou fortemente os consumidores a não comprar ou usar por qualquer motivo, explicando que beber MMS era o mesmo que beber água sanitária e poderia causar vômitos graves, diarreia e baixa pressão arterial com risco de vida. O FDA recebeu relatórios de pessoas que necessitaram de hospitalização e até morreram após beber MMS.

Colocaram em foco as falsidades sobre a COVID-19 dos promotores credenciados (Consumer Health Digest #21-17 - 3 maio 2021)
O pesquisador do câncer e físico David Robert Grimes, Ph.D., escreveu uma crítica aos "cientistas e médicos eminentemente qualificados" que "propagaram falsidades nas redes sociais, elevando-se ao status de gurus para dar um verniz de aparente legitimidade científica a afirmações vazias e perigosas " [Grimes DR. COVID has created a perfect storm for fringe science. Scientific American, April 26, 2021].
Grimes argumenta:
O triste paradoxo é que essas figuras marginais utilizam como arma a confiança da sociedade concedida à ciência, ampliando indevidamente sua capacidade de causar sérios danos. Para atenuar isso, precisamos ter em mente a distinção vital [entre] "ciência" e "cientistas". Cientistas individuais estão longe de ser infalíveis; eles podem ser enganados por erros sutis, obsessionados por conclusões espúrias ou até mesmo se tornarem tão ideologicamente apegados a uma crença que distorcem os fatos para se ajustarem a esse preconceito. Suas motivações são humanas; eles podem ser seduzidos pela tentação do dinheiro, da infâmia ou da admiração. A ciência, ao contrário, é um método sistêmico de investigação, no qual as posições são formadas sobre a totalidade das evidências. Crucialmente, para serem rotuladas de “científicas”, as ideias devem ser testáveis, e aquelas que falham em resistir à investigação imparcial são devidamente descartadas.

Desmascaram a retórica enganosa de “liberdade da saúde” (Consumer Health Digest #21-19 - 16 maio 2021)
Num recente ensaio Susannah Crockford, autora de Ripples of the Universe: Spirituality in Sedona, Arizona, afirma que o movimento “liberdade da saúde” ("Health Freedom") é “onde a oposição à saúde pública encontra as teorias da conspiração sobre a Nova Ordem Mundial e as afirmações espirituais e religiosas sobre o bem-estar pessoal e a liberdade social” [Crockford S. The ‘health freedom movement’ enters the COVID era by disseminating medical disinformation. Religion Dispatches, May 13, 2021].
Crockford conclui:
O movimento Health Freedom considera a vacinação como eugenia e controle da população mirados nos mais vulneráveis para o lucro das corporações farmacêuticas e da assistência médica. Sua retórica posiciona eles mesmos como oprimidos lutando pela liberdade contra o opressor.
Todavia, os efeitos de grandes porções da população que permanecem não vacinados ou sem máscara impactam de forma desproporcional as comunidades historicamente oprimidas por meio da perpetuação do COVID-19. A retórica do movimento Health Freedom obscurece o impacto real da causa que eles defendem, que exacerba a desigualdade social por meio da coisificação das ideais de escolha individual na assistência médica. Aqueles com as rendas mais altas têm melhor acesso à assistência médica; eles são os menos afetados pela disseminação contínua do COVID-19 e suas variantes. Eles também são os mais capazes de pagar por suplementos desnecessários, alimentos orgânicos e inscrições caras em ginásios para apoiar sua imunidade natural. Pode-se dizer que eles têm mais liberdade para começar.
Todd Stiefel, fundador e presidente da Stiefel Freethought Foundation (Fundação Stiefel para o pensamento livre), deu opiniões semelhantes num comentário sobre um comício na Carolina do Norte que ele diz ser "em apoio ao HB 558, um projeto de lei que proibiria requerer a prova de vacinação ou imunidade em alojamentos públicos, empregos, ou para frequentar qualquer escola, pública ou privada". Stiefel observa que os manifestantes declararam "sua causa ser uma 'questão de direitos civis' no mesmo nível das leis que protegem pessoas negras e LGBTQ de terem o serviço negado em lanchonetes ou pastelarias” [Stiefel T. Vaccine opponents warped view of freedom. Center for Inquiry, May 10, 2021].
Stiefel argumenta:
Este é um entendimento distorcido de liberdade. A liberdade de dirigir um carro não inclui o direito de ignorar os sinais de stop. As pessoas que queimam os sinais de stop arriscam não apenas sua segurança pessoal, mas também a de todos nós. E o mesmo acontece com as pessoas que rejeitam vacinas durante uma pandemia. Agora são essenciais regras de segurança razoáveis. Se não alcançarmos 70% da população com imunidade, o vírus continuará a se espalhar e potencialmente sofrer mutação em novas variantes possivelmente resistentes à vacina. Até agora há mais de 581.000 americanos que morreram. Quantos mais terão que morrer pela “liberdade”?

Ivermectina falha como tratamento COVID-19 em grande ensaio clínico (Consumer Health Digest #22-41 - 30 outubro 2022)
Um estudo randomizado e duplo-cego (ACTIV-6) descobriu que o medicamento antiparasitário ivermectina não mostrou vantagem significativa sobre o placebo na redução dos tempos de recuperação do COVID-19. O estudo envolveu 1.591 pacientes ambulatoriais adultos com sintomas leves a moderados em 93 locais nos Estados Unidos durante o período de predominância das variantes Omicron e Delta. [Naggie S. and others. Effect of ivermectin vs placebo on time to sustained recovery in outpatients with mild to moderate COVID-19: A randomized clinical trial. JAMA 328:1595-1603, 2022]
Um comentário sobre o estudo observa que a ivermectina não se mostrou eficaz contra o COVID-19 na maioria dos ensaios randomizados anteriores. E conclui: está bem, já terminamos com este remédio? Este bom estudo randomizado nos EUA é suficiente para convencer as pessoas de que os resultados de uma placa de Petri nem sempre são transferidos para humanos, independentemente da presença ou ausência duma conspiração farmacêutica maligna?
Não, claro que não. Neste ponto, posso prever as respostas. A dose não foi alta o suficiente. Não foi dado cedo o suficiente. Os pacientes não estavam doentes o suficiente, ou estavam doentes demais. Este é o raciocínio motivado, puro e simples. Não quer dizer que não haja chance de que esse medicamento tenha alguns efeitos fora do alvo no COVID que não medimos adequadamente, mas estudos como o ACTIV-6 efetivamente descartam a ideia de que é uma cura milagrosa. E sabem duma coisa? Isso está bem. Curas milagrosas são extremamente raras. A maioria das coisas que funcionam na medicina funcionam bem; eles nos tornam um pouco melhores, e aprendemos por que eles fazem isso e as aprimoramos, e tentamos de novo e de novo. Não é chamativo; não tem aquele fascínio do conhecimento secreto. Mas é o que separa a ciência da magia. [Wilson FP. Ivermectin for COVID-19: Final nail in the coffin. Medscape, Oct 25, 2022]
A Food and Drug Administration, o National Institutes of Health, e a American Medical Association juntamente com duas sociedades farmacêuticas, alertaram que a ivermectina não se provou segura ou eficaz contra o COVID-19.

Condenados os traficantes da cura fraudulenta “Miracle Mineral Solution” (Consumer Health Digest #23-30 - 23 julho 2023)
Um júri federal de Miami, em Florida, condenou Mark Grenon, 65 anos, e seus filhos, Jonathan, 37 anos, Joseph, 35 anos, e Jordan, 29 anos , por vender Miracle Mineral Solution (MMS) por um valor de um milhão de dólares. Para promover o produto como cura para 95% das doenças do mundo, eles montaram uma falsa fachada religiosa, a Igreja Gênesis II (Genesis II Church) [Weaver J. Federal jury convicts 4 Florida men for selling bleach solution as ‘miracle’ cure for diseases. Miami Herald, July 20, 2023].
O júri considerou todos os quatro réus culpados de conspirar para fraudar o governo dos EUA e a Food and Drug Administration (FDA) ao distribuir MMS, um medicamento não aprovado e com rotulagem incorreta. Também considerou Jonathan e Gordon culpados de duas acusações de violação de ordens judiciais federais exigindo que parassem de vender MMS em 2020. As acusações de desacato contra Mark e Joseph foram retiradas como condição para sua extradição de Bogotá, Colômbia. De acordo com a acusação contra os Grenons :

O MMS é uma solução química contendo clorito de sódio e água que, quando ingerida por via oral, transforma-se em dióxido de cloro, um alvejante poderoso normalmente usado para tratamento de água industrial ou branqueamento de tecidos, celulose e papel.
Em 2019, a FDA instou fortemente os consumidores a não comprar ou usar MMS por qualquer motivo, explicando que beber MMS era o mesmo que beber alvejante e poderia causar efeitos colaterais perigosos, incluindo vômitos graves, diarreia e pressão arterial baixa com risco de vida.
A FDA recebeu relatórios de pessoas que precisaram de hospitalizações, desenvolveram condições de risco de vida e até morreram após beber MMS.
Os Grenons usaram a Genesis II Church of Health and Healing, uma entidade que eles descreveram como uma “igreja não religiosa”, para tentar evitar a regulamentação governamental do MMS e se proteger de processos judiciais.
O MMS só poderia ser adquirido por meio de uma “doação” para a igreja, mas os valores das doações eram determinados em quantidades específicas em dólares e eram obrigatórios [Florida man, 3 sons convicted of selling bleach as fake COVID-19 cure: “Snake-oil salesmen”. CBS News, July 20, 2023].

Mark Grenon afirmou ter escrito para Donald Trump, instando-o a promover os supostos poderes de cura do MMS, e forneceu o produto ao então presidente pouco antes de Trump especular sobre o uso de “desinfetante” para tratar o COVID-19 [Pilkington E. Leader behind bleach ‘miracle cure’ claims Trump consumed his product. The Guardian, June 22, 2021].

Condenaram à prisão os traficantes da cura fraudulenta “Miracle Mineral Solution" (Consumer Health Digest #23-41 - 8 outubro 2023)
Após a sua sentença num tribunal federal de Miami, Florida, por associação criminosa para fraudar o governo dos EUA, Mark Grenon e os seus filhos foram condenados. O grupo foi condenado por vender um medicamento não aprovado e com rotulagem incorreto chamado "Miracle Mineral Solution” (MMS) por meio duma falsa igreja online.
Mark Grenon, 66 anos, foi condenado a cinco anos de prisão, terá de pagar uma multa de 5.000 dólares e terá de pagar 1.948 dólares em reparação às vítimas do esquema familiar.
Joseph Grenon, 36 anos, foi condenado a cinco anos de prisão sem multa, mas recebeu a mesma ordem de reparação.
Jonathan Grenon, de 37 anos, foi condenado a mais de 12 anos de prisão e recebeu a mesma ordem de reparação.
Jordan Grenon, de 29 anos, foi condenado a mais de 12 anos de prisão, deve pagar uma multa de 2.500 dólares e recebeu a mesma ordem de reparação.
Jonathan e Jordan foram condenados pela principal acusação de associação criminosa, além de duas acusações de desacato decorrentes da violação de ordens judiciais para interromper a venda de MMS. As acusações de desacato contra Mark e Joseph foram rejeitadas antes do julgamento como parte de um acordo de extradição com o governo de Bogotá, Colômbia, onde eles estavam escondidos quando foram acusados em 2020 [Weaver J. Using fake church, Florida clan sold bleach as ‘miracle’ cure. Dad, 3 sons going to prison. Miami Herald, Oct 6, 2023].
Em 2019, a FDA instou fortemente os consumidores a não comprarem ou utilizarem MMS por qualquer motivo, explicando que beber MMS era o mesmo que beber lixívia e poderia causar efeitos secundários perigosos, incluindo vómitos intensos, diarreia e pressão arterial baixa potencialmente fatal.

Estimativas iniciais de mortes hospitalares relacionadas ao tratamento com hidroxicloroquina para COVID-19 já estão disponíveis (Consumer Health Digest #24-04 - 28 janeiro 2024)
Pesquisadores da França e do Canadá estimaram que houve 16.990 mortes relacionadas à hidroxicloroquina durante a primeira onda da pandemia de COVID-19 em seis países para os quais havia dados relevantes disponíveis: Bélgica, Turquia, França, Itália, Espanha e Estados Unidos [Pradelle A and others. Deaths induced by compassionate use of hydroxychloroquine during the first COVID-19 wave: An estimate. Biomedicine & Pharmacotherapy, 171:116055, Feb 2024] . A estimativa é baseada num cálculo que considerou: (a) dados de estudos de coorte para fornecer estimativas das taxas de mortalidade e da proporção de exposição à hidroxicloroquina; (b) dados de hospitalização de cada país; e (c) dados duma meta-análise de ensaios clínicos randomizados indicando um 11% mais de probabilidades de que os pacientes com COVID-19 morrerem quando receberam hidroxicloroquina. Os investigadores também observaram que a hidroxicloroquina, um medicamento utilizado para tratar a malária e doenças reumáticas autoimunes, foi utilizada off-label no início da pandemia para tratar a COVID-19, apesar de apenas existirem evidências clínicas de baixo nível de benefício. Desde então, estudos documentaram uma relação risco-benefício desfavorável, especialmente devido ao aumento da mortalidade relacionada ao coração.

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Legenda: FDA: Food and Drug Administration, Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos http://www.fda.gov/
FTC: Federal Trade Commission, Commissão Federal de Comércio dos Estados Unidos http://www.ftc.gov/ em espanhol: http://www.ftc.gov/index_es.shtml
AMA: American Medical Association https://www.ama-assn.org/

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Boa saúde a todos (à exceção dos charlatães que fazem dinheiro na saúde dos outros).

página criada em: 31 de março de 2020 e modificada pela última vez em: 31 de janeiro de 2024